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Diabetes Mellitus

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O que é Diabetes mellitus?
Diabetes mellitus (DM) é uma condição na qual o pâncreas deixa de produzir insulina ou as células param de responder à insulina que é produzida, fazendo com que a glicose sangüínea não seja absorvida pelas células do organismo e causando o aumento dos seus níveis na corrente sangüínea.
Existem dois tipos principais da doença. O diabetes tipo 1 (DM1) e o tipo 2 (DM2).
Diabetes mellitus tipo 1. O que é?
O DM1 é o tipo de diabetes predominante na infância e na adolescência, a idade em que ela se inicia geralmente é de 10 aos 14 anos (pico de incidência). Porém, a incidência (número de casos novos) do DM2 está aumentando nesta faixa etária nos últimos anos.
diabetes tipo 1 resulta da destruição das células beta do pâncreas – células produtoras de insulina. Esta destruição é mediada por respostas auto-imunes celulares. Ou seja, o próprio organismo destrói suas células, levando ao aumento da glicose no sangue por déficit absoluto de produção de insulina.
As manifestações clínicas na infância e na adolescência variam desde a cetoacidose – que muitas vezes é o evento inicial da doença, até uma hiperglicemia pós-prandial. As manifestações podem ser desencadeadas pela presença de infecção ou outra condição de estresse ao organismo. Apesar de rara na apresentação inicial, a obesidade não exclui o diagnóstico de DM1.
O DM1 associa-se com relativa freqüência a outras doenças auto-imunes como tireoidite de Hashimoto, doença celíaca, doença de Graves, doença de Adison, vitiligo e anemia perniciosa. Recomenda-se investigar rotineiramente a doença auto-imune da tireóide e, se possível, também a doença celíaca nas pessoas que têm DM1, devido a sua maior prevalência (número de casos existentes de determinada doença).
Diabetes mellitus tipo 2. O que é?
O DM2 é considerado uma das grandes epidemias do século XXI e afeta quase 90% das pessoas que têmdiabetes, sendo o tipo mais comum.
Ocorre quando o nível de glicose (açúcar) no sangue fica muito alto. A glicose é o combustível que as células do corpo usam para obter energia. O diabetes  tipo 2 ocorre quando não há produção suficiente de insulinapelo pâncreas  ou porque o corpo se torna menos sensível à ação da insulina  que é produzida – a chamadaresistência à insulina. A insulina  ajuda o corpo a levar a glicose para dentro das células.
Os sintomas incluem aumento da freqüência urinária, letargia, sede excessiva e aumento do apetite – muitas vezes não acompanhado de ganho de peso.
É uma doença crônica que pode causar complicações à saúde; incluindo insuficiência renal, doenças docoraçãoderrame (acidente vascular cerebral) e cegueira.
Em termos mundiais, cerca de 240 milhões de indivíduos apresentam DM, com uma projeção de 366 milhões para o ano de 2030, dos quais dois terços serão habitantes de países em desenvolvimento. Infelizmente, cerca de metade das pessoas com DM desconhecem que são portadores desta condição e não podem, dessa forma, prevenir suas complicações.
No Brasil, o número estimado de portadores de DM é de aproximadamente 16 milhões de pessoas.
Pré-diabetes. O que significa este conceito?
É uma condição em que os níveis de glicose são mais altos que o normal, mas não tão altos para dar odiagnóstico de DM2 (o tipo mais freqüente). Pessoas com pré-diabetes têm maiores riscos para desenvolverdiabetes  tipo 2, doenças do coração e derrames (acidentes vasculares cerebrais). Uma vez cientes desta condição, podem iniciar medidas preventivas.

Quais são as causas do DM?
No DM1, a causa básica é uma doença auto-imune que lesa irreversivelmente as células beta do pâncreas(células produtoras de insulina). Nos primeiros meses após o início da doença, são detectados no sangueanticorpos – anticorpo anti-ilhota pancreática, anticorpo contra enzimas das células beta (anticorposantidescarboxilase do ácido glutâmico – antiGAD, por exemplo) e anticorpos anti-insulina.
No DM2, ocorrem diversos mecanismos de resistência à ação da insulina. O estilo de vida moderno tem papel fundamental no desenvolvimento do diabetes, quando consiste em hábitos que levam ao acúmulo de gorduraprincipalmente na região abdominal. Tipo de distribuição de gordura que é mais relacionado ao aumento do risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares.
O que se sente?
Os sintomas do aumento da glicemia são: sede excessiva, aumento do volume urinário e do número demicções, hábito de urinar durante a  noite, fadiga, fraqueza, tonturasvisão borrada, aumento de apetite e  perda de peso.
Estes sintomas clássicos do diabetes muitas vezes passam despercebidos ou não são valorizados pelos portadores desta condição. 
Estes sintomas tendem a ir se agravando e podem levar a complicações severas e agudas como acetoacidose diabética (no DM1) e o coma hiperosmolar (no DM2), caso a doença não seja diagnosticada, nem tratada.
Os sintomas das complicações que ocorrem a longo prazo, ou seja, aquelas decorrentes da hiperglicemiamantida ao longo dos anos, envolvem alterações visuais, circulatórias, digestivas, renais, urinárias, neurológicas, dermatológicas, ortopédicas e problemas cardíacos.

Como o médico faz o diagnóstico?
Além dos sintomas e sinais clássicos da doença, que podem não estar presentes precocemente, o diagnósticolaboratorial do Diabetes mellitus é estabelecido pela medida da glicemia no soro ou plasma, após um jejum de 8 a 12 horas e também pela dosagem da glicemia 2 horas após sobrecarga com glicose (glicemia 2 horas após-sobrecarga). O diagnóstico sempre deve ser confirmado com uma segunda medida.
Os parâmetros para o diagnóstico de diabetes são:
Critérios para a presença de anormalidades da tolerância à glicose, segundo a ADA-2005:
 Categoria
 Glicemia de Jejum
 Glicemia 2h pós-sobrecarga
 Normal
Glicemia de jejun alterada (gja)
 100-125 mg/dl
 –
 Tolerância à Glicose diminuída (TGD)
 –
 140-199 mg/dl
Diabetes*
 126 mg/dl
 200 mg/dl
Quando ambos os exames são realizados (glicemia de jejum e TOTG de 2h), GJA ou TGD podem ser diferenciados.

*O diagnóstico de diabetes requer confirmação em uma outra coleta.
(Adaptado da American Diabetes Association – ADA 2005)
Quais os objetivos do tratamento?
O objetivo principal é manter os níveis glicêmicos o mais próximo dos valores considerados normais. Também é importante manter os níveis adequados de colesterol, controlar a pressão arterial e o peso corporal de acordo com o que se segue:
Glicemia plasmática (mg/dl)*:
  • Jejum: 110 ou 100 (ADA, 2004)
  • Pós-prandial: 140-180
  • Glicohemoglobina (%)*: 1% acima do limite superior do método
Colesterol (mg/dl):
  • Total: < 200
  • HDL: > 45
  • LDL: < 100
  • Triglicérides: < 150
Pressão arterial (mmHg):
  • Sistólica: < 130**
  • Diastólica: < 80**
Índice de Massa Corporal – IMC*** (kg/m²): 20-25  kg/m².

* : Quanto ao controle glicêmico, deve-se procurar atingir valores os mais próximos do normal. Como muitas vezes não é possível, aceita-se, nesses casos, valores de glicose plasmática em jejum até 126 mg/dl e pós-prandial (duas horas) até 160 mg/dl, e níveis de glicohemoglobina até um ponto percentual acima do limite superior do método utilizado. Acima desses valores, é sempre necessário realizar intervenção para melhorar o controle metabólico.
** : The Seventh Report of the Joint National Committee on Prevention, Detectation, Evaluation and Treatment of High Blood Pressure (JNC 7). JAMA 2003; 289:2560-72.
***:  Índice de Massa Corporal – IMC. É a medida mais usada  na prática para saber se  uma pessoa é considerada obesa ou não. Ele é calculado dividindo-se o peso corporal em quilogramas pelo quadrado da altura em metros.
Quais são as complicações do DM?
O desenvolvimento das complicações crônicas está relacionado ao tempo de exposição à hiperglicemia.
As complicações do diabetes são divididas em dois grupos.
O primeiro deles se refere à elevação brusca da glicose no sanguehiperglicemia. Ela pode levar o paciente a urinar excessivamente, sentir muita sede, emagrecer, desidratar e até perder a consciência, chegando aocoma diabético, mais freqüente em pessoas com DM1.
O segundo grupo de complicações são as decorrentes da glicemia aumentada e mantida durante meses ou anos, podendo levar a alterações vasculares no coração, nos olhos (retinopatia), nos rins (nefropatia) e nos nervos (neuropatia). Essas situações acontecem, principalmente, nos pacientes com o tipo 2 do diabetes.
A doença cardiovascular é a primeira causa de mortalidade nos indivíduos com DM2, a retinopatia a principal causa de cegueira adquirida, a nefropatia uma das maiores responsáveis pelo ingresso em programas dediálise e o pé diabético importante causa de amputações de membros inferiores.
Mesmo com a glicemia controlada, existem exames que devem ser feitos periodicamente pelos diabéticos?
Caso o diabetes esteja sendo bem controlado, existem exames que podem ser feitos para monitorar ascomplicações do diabetes e evitar sua progressão. São eles:
  • Dosagem de hemoglobina glicada (HbA1c): deve ser mantida sempre menor do que 7%
  • Exame de fundo de olho: faz a análise da retina do diabético
  • Dosagem da microalbuminúria: verifica a presença de pequenas quantidades de proteínas na urina que podem causar nefropatia
  • Aferição da pressão arterial
  • Lipidograma ou dosagem de colesterol
  • Exame dos pés: para evitar as lesões do pé diabético e amputações de membros inferiores

Perguntas que você pode fazer ao seu médico:
– O que muda na minha rotina após o diagnóstico de diabetes?
– Quais as minhas chances de ter um filho com diabetes?
– Devo usar produtos light ou diet? Qual a diferença entre eles?
– Além do açúcar, existem outros alimentos que não devo usar?
– Como aplicar corretamente a insulina?
– O diabetes implica em alguma mudança na minha vida profissional?
– O que é o cálculo de contagem de carboidratos? Posso usar isso para comer doces usando insulina de ação ultra-rápida para evitar a hiperglicemia?

Fontes:
Atualização Brasileira sobre Diabetes – 2006
Consenso Brasileiro sobre Diabetes – 2002

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Isaac Trindade
Técnico de Enfermagem, Pai de duas filhas lindas, Pastor, Profissional de MMN,